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Água - Nascentes, córregos e o Rio dos Afonsos e Japoré

Fonte: Blog Memórias de uma bicicleta.  







As nascentes, os rios e riachos de qualquer lugar do planeta são fundamentais para sobrevivência de todos os seres vivos. Além de ajudar a floresta florescer, matar a sede, servir de lazer, amenizar a temperatura, eles nos conectam com outros lugares e ajuda a formar senso de lugar. Mas, devido às questões climáticas, desmatamento, poluição, urbanização, as nascentes estão maltratadas e os córregos, riachos e rios estão minguando. Sem água ficamos mais vulneráveis em todos aspectos.

Há dois rios que nascem no bairro: o Rio Japoré (conhecido também de Tinguí ou Valqueire) e o Rio dos Afonsos. No Rio de Janeiro, a Baía de Guanabara recebe águas de inúmeros rios. As águas dos rios que nascem na região desaguam em suas bacias e, depois, vão cair na Baía de Guanabara.

Rio dos Afonsos
Conhecido antes como Rio Sapopemba, as águas do Rio (ou arroio) dos Afonsos nascem na cabeceira da Serra do Engenho Velho. Possui cerca de 1200 metros de extensão no trecho entre a Estrada do Catonho e a Av. Marechal Fontenelle. Sua extensão até a sua foz é de 7,8 Km. Diversos riachos e córregos descarregam através de uma única saída, fazendo nascer o Rio dos Afonsos. Seguia natural até o portão principal do Jardim da Saudade, mas agora está enterrado por causa da via Transolímpica, depois segue canalizado aberto em concreto até a Invernada dos Afonsos e volta ser natural antes de chegar ao terreno do Campo dos Afonsos. As suas águas desaguam na subbacia dos Rios Acari/ Pavuna/ Meriti.

Ainda que canalizado, poluído, assoreado e com plantas invasoras, o Rio dos Afonsos mantem vivo várias espécies de animais, como sapos, rãs, cobras, peixes, muçuns, pitus até jacarés, fazendo parte da biodiversidade local. São sobreviventes de nossa ignorância e inércia. 

Jacarés sobrevivem no rio. Fonte: Autor.



Atualmente, não há nenhum plano para preservar, conservar e renaturalizar os rios da região. A região está recebendo mais investimentos em infraestrutura, para dar suporte às Olimpíadas de 2016, aumentando ainda mais o nível de urbanização. O Rio Afonsos é mais um rio tapado pelo poder público com cimento e asfalto para melhorar o fluxo dos carros. Todo cimentado compromete as relações biológicas. Além do aumento da temperatura local, poluição da água e assoreamento.

História
O Rio dos Afonsos sempre foi importante para o lugar. Antes da família dos Afonsos se instalar na região no fim dos anos de 1600, ele era chamado de Rio Sapopemba. Depois ganhou o nome Afonsos. Ele abasteceu a população colonial, irrigou a lavoura do engenho e matou a sede dos moradores e dos animais. Até meado de 1940, quando a região ainda era zona rural, o Rio dos Afonsos forneceu água a diversos sítios que produziam frutas.

Fazenda dos Afonsos, em 1823. Desenho de Maria Graham. Fonte: Brasiliana
No passado, a obra que canalizou parte do Rio dos Afonsos se baseou no conceito de se livrar das águas o mais rápido possível com o uso de concreto. Segundo especialistas, isso gera uma redução da biodiversidade (flora, fauna, micro-organismo) e prejudica o processo de renovação natural. Por outro lado, a preservação das nascentes, a não poluição dos rios e a manutenção das matas são fundamentais para a manutenção do nosso bairro.

Rio Japoré
O Rio Japoré (Tinguí ou Valqueire) tem 5.6 km de extensão, nasce no morro Cachambi, que pertence a Serra do Valqueire, e deságua no Rio Tinguí. Segue subterrâneo no Jardim Sulacap, concreto aberto em Vila Valqueire, ao longo da Av. Jambeiro, e segue subterrâneo em direção ao bairro Marechal Hermes, indo desaguar com águas poluídas na sua foz.
Rio Japoré. Fonte: SOS Sulacap.
História

No passado os engenhos eram instalados em áreas próximos aos rios. O Rio Japoré foi um dos rios fundamentais para a irrigação dos canaviais, consumo humano e para os animais. Com a urbanização, o Rio Japoré foi completamente canalizado na região.
Sertão carioca, século 19. De quem vem do centro, a sede da Fazenda dos Afonsos ficava do lado esquerdo do Caminho de Santa Cruz. Fonte: Fridman, 1999/ PEDROZA, Manoela da Silva. “Capitães de bibocas: casamentos e compadrios construindo redes sociais originais nos sertões cariocas (Capela de Sapopemba, freguesia de Irajá, Rio de Janeiro, Brasil, século XVIII)”. Disponível em: http://www.revistatopoi.org/numeros_anteriores/topoi17/topoi_17_-_artigo5_-_capit%C3%A3es_de_bibocas.pdf. Último acesso em: 17/11/2015.
A água potável, líquido precioso de domínio público, de valor econômico, é um recurso finito e a sua gestão (por todos nós) deve ser muito bem orientada para salvaguardar as necessidades da população, principalmente em dias de seca. Os morros Cachambi e Caixa D’Água são cheios de córregos - as pontas visíveis da rede hídrica da Floresta da Pedra Branca.

O que fazemos
  • Valorizamos a infraestrutura verde na região, como as calçadas ecológicas, telhado (ou terraço) verde e sistemas de captação de água na chuva em cada casa, como parte de um conjunto de soluções contra a cultura do cimento que pavimenta e impermeabiliza tudo, visando absorver, filtrar e estocar a água nos aquíferos e não as inundações que assistimos perplexos;
  • Buscamos conscientizar os moradores e outros sobre a necessidade de preservar as nascentes, córregos, riachos, rios;
  • Conscientizamos sobre a necessidade de renaturalizar os rios do bairro como bem natural, histórico, social e cultural. É um sonho possível. Sabemos que a recuperação e renaturalização de rios é sempre realizável, embora, às vezes, com limitações. Mesmo com possibilidades limitadas, para controle de enchentes e necessidade de manter os níveis da água subterrânea, há possibilidades de melhorias ambientais, que também favorecem as condições de vida dos moradores e dos animais da região.
  • Incentivamos a criação de um parque ecológico para cuidar mais de perto das nascentes, córregos e riachos. Revitalizar os rios é urgente, mais ainda é revitalizar as nascentes. Sem floresta, não há água e ficamos mais vulneráveis. Saneamento básico é também manter as matas vivas.

Quando um rio é saudável, queremos preservar; mas quando é visto como valão, queremos escondê-lo.

Referências

BINDER, Walter. Rios e Córregos, Preservar - Conservar – Renaturalizar. A Recuperação de Rios, Possibilidades e Limites da Engenharia Ambiental. Disponível em: http://www.pm.al.gov.br/intra/downloads/bc_meio_ambiente/meio_03.pdf.

EDUCAÇÃO PÚBLICA. Geologia e hidrografia do Rio de Janeiro. Macrobacias, Microbacias, Sub-bacias, Rios e Canais. Disponível em: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/oficinas/geologia/hidrografia_rj/14.html.



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